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Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

Eu e Tu

Paizito, Todos os dias tento não esquecer de onde venho. Tento não esquecer quem sou e de onde vêm as minhas raízes. Tento não esquecer para onde vou, e quem esteve sempre ao meu lado. Tento não esquecer o que quero e principalmente o que não quero. Tento não esquecer que sou uma menina forte, e que se sou posta à prova é porque em alguma altura eu irei conseguir. Ultrapassar. Recomeçar. Erguer. E não parar. Fazes-me falta, disso não preciso de me lembrar. É inevitável. As saudades pioram com o tempo…tempo que atenua e nada cura. O coração é pequeno para tanta falta que me fazes, para tanto sentimento guardado, para tanto sorriso não aproveitado, para tanto toque sem resposta…Não choro tantas vezes, e ainda não consegui sentir se isso é bom ou não… Tenho percebido que esta sensação interior que ficamos quando perdemos alguém não passa. Para quem perde não passa. Aos outros que nos rodeiam a memória torna-se curta… No inicio fiquei triste com isso, hoje em dia simplesme

Vida

Pai, Não sei se ainda tenho muito mais para escrever...mas acho que penso sempre isto mesmo quando começo... Nestes últimos meses muitas perguntas têm ecoado dentro de mim, na cabeça mas também no coração. Tenho pensado bastante no que quero para mim e naquilo que não quero. Tal como tu, não é? Eras uma pessoa de "pão pão, queijo queijo"... Dizias tanta vez "É assim Andreia, ou gostam ou não gostam". E sabes é isso mesmo...ou se gosta verdadeiramente ou de nada adianta correr atrás. Seja de amores, de amigos, de pessoas que fazemos questão de ter quase à força à nossa volta. Sei que gostavas muito de mim. Não somente enquanto Pai, mas como amigo, como ouvinte, como contador de peripécias...eras uma alegria e sinto que isso me fugiu das mãos e essencialmente do coração... Sei também que não te poderia prender a mim, apesar de eu estar muito presa...No fundo nem sei se alguma vez tentei desamarrar-me...sai de casa sim, tinha a minha vida, as minhas cois

Um ano sem Ti

Pai, No próximo dia 14 de junho faz um ano que passámos pelo momento mais difícil e doloroso da nossa vida. Não existem palavras acertadas para descrever a batalha de sentimentos que se trava quando se perde alguém que se ama. Instantes em que perdemos o chão, o coração endurece, o riso dá lugar às lágrimas, as noites são um buraco escuro de memórias e os dias vão-se perdendo no vazio da alma. As saudades tornam-se cada vez mais, a necessidade de ouvir a voz, de sentir o cheiro, a sensação do toque…tudo gestos que acabamos por não perceber o verdadeiro significado do quão é importante poder usufruir de cada um deles. Difícil é dizer pouco. Aceitamos a dor, vivemos com o desconforto e abrigamo-nos na escuridão. Sobrevivemos. Foi o que fizemos durante este ano. Eu e a mãe. Mas ao recordar-te enquanto pessoa fantástica que sempre foste, lembrei-me duma coisa: ensinaste-me a lutar. Mostraste sempre que vale a pena lutar. Foste vencido mas nunca desististe, e isso nós sabemos, nós

A Fé

Pai, Maio chegou e com ele 11 meses que contam a falta da tua presença física na minha vida. Inevitável não contar. Inevitável não recordar. Dia após dia, aguardo o retorno do tempo…para se seja mais fácil esta tua falta. Acredito que sim. Creio com todas as minhas forças. Creio…tenho fé…peço à força maior, lá em cima, algo que nos guia, que me ajude. Que faça o tempo avançar para atenuar mais rapidamente este vazio, se é que isso é possível ou existe sequer… Este mês também é inevitável não falar de fé. Fé… significado distinto para cada um de nós. Tão diferente, mas tão igual. Fé…com o sentido da Esperança. Da Paz. Do Amor. Sempre foste um Homem crente na Vida, um ser humano crente nas pessoas, um pai crente nos princípios e na união. E a mim ensinaste-me a respeitar tudo isso e acima de tudo a Acreditar. Acredito que ao acreditar que estás bem, fico tranquila e em Paz. Acredito que ao acreditar que estás sempre ao meu lado, fico com o coração cheio de Amor.

Saudades de Ti

Paizito, Passaram 10 meses da tua ausência. Estamos na Páscoa e esta era aquela altura em que contavas as amêndoas trazidas da DaVita pelas mãos da Drª Inês. Mais ou menos 6 no pacotinho transparente e com um coelho desenhado a desejar Páscoa Feliz! “Ainda têm bastante trabalho, somos tantos.” Dizias preocupado e contente ao mesmo tempo por se lembrarem de cada um de vós ao longo do tratamento e nas datas mais festivas. Eras regrado no que podias ou não comer. Seguias a maior parte das indicações à risca. Eras interessado por tudo. Eras inteligente para perceberes o mecanismo das coisas, valores a atingir. Foste um doente renal impecável, sem problemas nenhuns ao longo dos tratamentos. Animavas a sala, ajudavas os colegas que estavam ao teu lado, percebias das análises, sabias que peso tinhas de atingir e líquidos a não ingerir. Eras simpático nos transportes de ambulância, ou pelo menos esse é o feedback que tenho até hoje de tudo quanto participavas. Eras um Homem que preenc

Ao meu Pai

O mês de Março é dedicado a todos aqueles que são pais, pai no masculino, de acordo com o padrão comum. Mas pode existir uma mãe, uma avó, uma pessoa mais chegada que faça o papel de pai e sinceramente para mim é válido de igual forma. Mas hoje, vou falar do meu. O meu pai. O melhor do mundo. Para mim. Pai, Em nossa casa sempre existiu o hábito de oferecer um miminho em dias mais significativos. Fazias sempre de conta que não davas grande importância, mas se eu reagisse da mesma forma ficavas muito sério a olhar para mim “ então não se diz nada ao pai hoje? ” e eu continuava a fazer-me de desentendida e tu “ mau, não se diz nada ao super pai hoje ?” e nesse instante saia-me um “ chato ” e rapidamente colava as minhas bochechas nas tuas para duas beijocas e uma arranhadela da tua barba…Tão bom!! Não sei se com o passar do tempo alguma vez tive oportunidade de te dizer o quanto foi boa a minha infância, o quanto bom pai foste. Apesar dos nossos desentendimentos que foram bas

Carta ao meu Amor

Passaram 40 anos desde que se conheceram e assim permaneceram na vida um do outro. Hoje,neste dia 14 de fevereiro de 2017, em que passam 8 meses da tua ausência, pedi à mãe, tua esposa, para ser ela a dar-me as palavras para escrever.  Ao seu amor. Ao seu único e grande amor...Tu.  ...e tão bem que ela contou a vossa história. Orgulho-me tanto, mas tanto. De coração cheio. "Foi pelo ano de 1976 que nos conhecemos , nas escamizadas do lugar, o Carregal. As gentes do lugar juntavam-se, dançava-se a toque de realejo. Eu já te conhecia de passar pelo Regato, onde vivias. Trabalhavas onde é agora o café do Fernando e sempre que eu passava por lá para a loja da adelaidinha tu assobiavas. E então por causa disso nas escamizadas chamavas-me para dançar e eu ia , toda satisfeita. dançava sempre mais contigo do que com as outras pessoas. Mal eu sabia... O pedido de namoro, veio em outubro desse ano, mas eu não disse logo que sim,apesar de estar deserta, mas só no dia 27 é

Coragem

Pai, A palavra que escolhi para este mês é “coragem”… recebi uma pulseirinha muito bonita com uma medalha e a primeira palavra que me veio á boca antes mesmo do que poderia ser o teu nome, foi “coragem”. Porque 7 meses sem ti são literalmente uma merda, desculpa a expressão. Porque o último mês foi demasiado difícil por ser natal, depois por ser o fim de um ano que queremos mandar para bem longe. Porque é o recomeço de um novo ano, duma nova etapa e questionamos como iremos na verdade andar para a frente… Gostar de viver mas não saber como viver com a tristeza cá dentro, com a perda, com a dor, com as saudades, esse é o dilema parece-me. Como continuamos a viver sem aqueles que amamos? Com coragem, é o que repito a mim própria ultimamente. Coragem para saltar da cama e respirar fundo. Coragem para não chorar e sorrir. Coragem para recordar sem doer e falar sem sentimento de culpa. Coragem para acreditar que me acompanhas. Para confiar nas minhas intuições. Para aceitar a mudan