Pai,
A
palavra que escolhi para este mês é “coragem”… recebi uma pulseirinha muito
bonita com uma medalha e a primeira palavra que me veio á boca antes mesmo do
que poderia ser o teu nome, foi “coragem”.
Porque
7 meses sem ti são literalmente uma merda, desculpa a expressão. Porque o
último mês foi demasiado difícil por ser natal, depois por ser o fim de um ano
que queremos mandar para bem longe. Porque é o recomeço de um novo ano, duma
nova etapa e questionamos como iremos na verdade andar para a frente… Gostar de
viver mas não saber como viver com a tristeza cá dentro, com a perda, com a
dor, com as saudades, esse é o dilema parece-me. Como continuamos a viver sem
aqueles que amamos?
Com
coragem, é o que repito a mim própria ultimamente. Coragem para saltar da cama
e respirar fundo. Coragem para não chorar e sorrir. Coragem para recordar sem
doer e falar sem sentimento de culpa. Coragem para acreditar que me acompanhas.
Para confiar nas minhas intuições. Para aceitar a mudança. Para aceitar a
incapacidade de aguentar tudo. Coragem para pedir a mão daqueles que também
cuidam de mim.
Coragem
para me obrigar a ultrapassar as barreiras que a mente nos coloca e nos
impossibilita de ser e de querer tantas coisas… Como tudo muda de um momento
para o outro…
Hoje,
estou de poucas palavras…o último mês deixou dentro de mim um emaranhado de
palavras que não consigo soltar… tenho revisto vezes sem conta as últimas
fotografias que te tirei, sem dares conta porque detestavas. Pergunto-me se
falhei por algum momento, ponho os “ses” em cima da mesa. Será que não quis ver?
Lamento, se por acaso foi assim…Quando se chega o dia 14, é como se fosse
automático…as lágrimas gordas saltam ainda mais rápido, a lembrança do
telemóvel a tocar, a cara da mãe…meu deus, a cara da mãe… e eu sem saber o que
fazer…tinha tanto para perguntar, mas tinha a mãe para cuidar…sonho tantas e
tantas noites com essa manhã. Coragem também para ter bons sonhos contigo, para
acordar a sorrir. Para sentir-te vivo. Coragem para aprender a superar as
saudades. Faz-me tanta falta a tua voz e os teus gestos. Ambos falamos alto e
gesticulamos.
Tenho saudades. Assim muitas, tu sabes não é? Nós sabemos.
Coragem,
Pai. Para nós. Sem ti mas sentida cá dentro.
Um
beijinho e uma beliscadela na bochecha
Andreia
14/01/2017
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