Um em muitos...

“Uma porta…
Uma simples porta que não foi aberta pela manhã e que despertou a curiosidade dos vizinhos ausentes de preocupações nos restantes dias.

Do lado de dentro dessa mesma porta encontrava-se alguém ao qual o peso do corpo e da idade não resistiu e durante a noite, sujo, nu e sozinho, caiu no chão e assim ficou…
Chão esse de cimento, circundado de paredes também elas de cimento, janelas com brechas, sem água e sem luz. Uma estrutura de quatro paredes desprovida de conforto, identidade, cor ou refúgio.

Sempre viveu assim. Fruto do contexto demográfico? Dificuldades do passado? Injustiças de uma vida sofrida? Carência de afectos? Ou simplesmente uma opção de escolha própria pelo que nos é constantemente imposto pela sociedade, valores e regras sobre os quais somos “avaliados” diariamente?

Sendo-nos imposta pelos outros ou incutida por nós mesmos, a exclusão retira-nos o livre acesso às oportunidades, priva-nos de interagir com tudo o que nos rodeia.
Assim sendo, e como forma de ultrapassar uma problemática existente, Interessa-nos perceber o caminho que se percorreu para desenvolver um ainda mais longo.

O senhor José (nome fictício) teve a oportunidade de desenrolar uma longa caminhada de reinserção. Do isolamento passou ao acompanhamento diário, da carência de conforto e de afectos passou a ter uma casa no verdadeiro sentido da palavra e pessoas que se preocupam com ele…
Passou a não estar sozinho, passou a ter auto-estima, valorização e principalmente um coração cheio de afectos para dar e receber.”