Avançar para o conteúdo principal

O lugar do Outro

Trabalho todos os dias com atitudes, com valores, com padrões. Com o saber/tentar dar a mão ao outro, criar oportunidades entre caminhos diversos. Esse é o meu trabalho diário com todas as faixas etários, grupos sociais e comunidades.
Trago isso para mim mesma, para a minha vida pessoal e para aqueles que me são próximos. Sou de difícil aproximação, mas quem me ganha...é para a vida. Mas... não faço e não estou para ser "reconhecida". Não dou para receber em troca. Não reajo para me fazer notar...mas mantenho um grau de "exigência" para com o outro , dentro de mim mesma.
Preciso de sentir que aquela pessoa está de coração. Que é sincera. Que é responsável pelo que diz e por aquilo em que acredita. 
Preciso de ver que as atitudes e gestos falarão por aqueles que me são próximos. Sempre.
E quando isso não acontece...é porque aquela pessoa não é uma das minhas.

Respeito e cuido. Mas de uma forma humana, quero o mesmo. E quando isso não está lá...existe um vazio e arranca de dentro de nós qualquer tipo de sentimento.
Preservo demasiado as amizades. Sempre as coloquei um pouco acima de quase tudo. Bem ou mal, com tudo o que isso implica. E quando não acontece e eu sei que de todo não merecia aquela atitude ou aquele gesto aquela forma...obrigo-me a arrancar qualquer tipo de sentimento por aquela pessoa. 
Não vale a pena manter ao nosso lado pessoas tóxicas, que nos envenenam com pensamentos tóxicos e com falta de sinceridade, para essas próprias pessoas e para nós.

Considero-me frontal É muito preto no branco e quando sei o que quero e pretendo, falo sem dúvidas. Agora a verdade é que efetivamente não posso moldar os outros a serem assim. Posso tentar compreender quando existe um caminho de explicação. Agora falta de frontalidade, falsos moralismos, medo de assumir e enfrentar o que realmente se acha...não. Já menti e omiti muitas coisas na minha vida sim...consegui dar a volta por cima e não pretendo mais seguir esse caminho...o mais fácil.

E o mais fácil será sempre o desvio daquilo que nos assusta e que poderá carregar uma descoberta do que mantemos fechado e sossegado dentro de nós próprios.
O caminho mais fácil é deixar de ser sincero e frontal e enfiar a cabeça na areia naquilo que maioritariamente agradará aos que me estão próximos.
O caminho mais fácil é ser eternamente criança...em escala de adulto...o que pode vir a ser bastante grave.
O caminho mais fácil é viver uma vida que não é a nossa, mas é a que eu vejo nas redes, a que publico nas redes e a que inconscientemente nos obriga a seguir um determinado caminho. O caminho mais fácil é termos o melhor dos dois mundos até um certo ponto, e não escolher nada que me afete, mas para mim mesma achar que escolhi finalmente e sentir-me adulta. Erradamente.
Falta o principal: o carácter. O colocarmo-nos no lugar do outro e assumir os erros. O ser frontal essencialmente connosco mesmos e para aqueles que nos seguraram a mão. E se assim não for, não, não está tudo certo...mesmo que queiram acreditar que sim. 

Patinar nas dúvidas faz-te ser uma pessoa egoísta, má, sem valores e com imensa falta de noção. 
Colocarmo-nos no lugar do outro e respeitar com sinceridade será sempre o melhor amor possível. 
O resto...não deixa de ser isso. Restos. Desprezíveis. Sem sabor. Sem amor. Sem significado.
E repentinamente um sentimento bom, passa obrigatoriamente a não existir.
E descansas a tua mente. 
Porque és maior e melhor do que isso . E nunca serás o espelho do que te fizeram mas sim a luz daquilo em que acreditas.

A.Pinheiro 





Comentários