Hoje o dia amanheceu frio...ventoso e com imensos pingos de chuva que teimaram em cair-me no corpo logo pela manhã...
"Dia triste", penso eu...tal e qual como à um ano atrás...
...e de imediato fico com os olhos apertados e quentes...e baços...
a tua imagem de imediato me vem à memória, não que seja somente hoje, mas hoje tem uma presença mais vincada...tal e qual como tu...
Pessoa vincada, definida, demarcada em opiniões, nos gestos que fazias com as mãos, na expressão enrugada da testa quando fazias a tua cara de admiração ou estranheza conforme as nossas conversas...
Fazes-me falta, sabes?
Tenho saudades tuas, sabes?
Penso muitas vezes em ti, sabes?
Imagino-te muitas vezes ao pé de mim e sorrio...
Imagino muitas vezes a dor da tua filha e choro...
Deixaste um turbilhão de sensações dentro de nós, um vazio tão grande que chega a doer e a moer.
Tal e qual como quando cá estavas...marcavas presença e opinião de forma muito demarcada.Eras assim...
...Linda, amiga, cuidadosa, zelosa, sensata, lutadora, corajosa, aventureira, diplomata, justa, humilde, meticulosa, humana...
Porquê?Porquê?
Porque é que teve de ser assim?
Porquê?
Não há uma resposta não é?
O tempo vai passando, os dias somam-se, temos a nossa rotina, escapamos muitas das vezes aos pensamentos que nos metem mais em baixo apesar de os trazermos sempre cá dentro e vamos vivendo...
Com dor, sofrimento e alguma resignação ( detesto esta palavra!) perante as fatalidades sobre as quais não temos respostas...
Choramos com saudades, mantemos os olhos abertos de noite, relembramos gestos e conversas, opiniões e encorajamentos...e voltamos a chorar...
Choro de angústia e revolta....de dor e amargura...de incapacidade e resiliência...
Choro de afectos perdidos...
Existem feridas que nica saram, existem dores que não se esquecem e sentimentos que não se perdem...
Estás cá...comigo...dentro de mim...é na tua força que me refugio..
Para sempre,
a tua querida sobrinha
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